Atravessámos a fronteira e ficámos contentes de entrar num novo país. As montanhas, com subidas abrutas, convenceram-nos a apanhar uma camioneta de passageiros sem janelas durante alguns km. Depois ainda apanhámos outra até chegar à pequena vila de Vilcabamba onde nos instalámos numa pequena guest-house simpática. Ali encontrámos Nelson um músico dos USA que andava pelo Equador à 2 anos. Aliás, por Vilcabamba andam muitos pessoas do estados Unidos, na sua maioria são hippies dos anos 60 que vivem por aqui.Nelson era um idealista e sonhador que vivia agora nesta guest-house e, a troco de algumas refeições, dava lições de violino ao Sinai. Acabámos por ficar 10 dias.
A moeda do Equador são os dólares americanos o que nos fez, a principio, alguma confusão. Chegados a Loja, a nossa 1° cidadezeca equatoriana, ficámos 2 dias instalados na paroquia da igreja católica. Daí, cansados dos Andes, do sobe e desce, de montanhas, decidimos rumar a este para a estrada da amazónia. Tínhamos vontade de mudar de clima, ir ao encontro do clima húmido e quente das florestas tropicais. E foi isso que tivemos. Muita chuva, muito calor, muito verde, pontos de vista da floresta da Amazónia, aves e gente muito simpática. Cada vez que pedíamos para dormir as pessoas aceitavam sem preocupações, indicavam-nos um lugar e deixavam-nos sem fazer quaisquer questões.
Ao fim do dia, uma família acolhe-nos para passar a noite. Tinham uma piscicultura de tilápias, segundo eles, peixe originário da china. Deixam-nos montar a tenda debaixo de um alpendre bem agradável. Já fazia noite quando Claudia tira as tilápias do aquário que estava a beira estrada onde os carros paravam e compravam peixe fresco. Acabaram por passar pela faca, serem envolvidos numa folha especial, que lhes dava o gosto, e depois pela brasa. Uma delicia!No dia seguinte a chuva não parava de cair e acabámos por passar ali o dia. O Yacha e Sinai ficaram bem contentes, um dia de pausa, e tinham duas crianças com quem brincar.
Quilómetros volvidos, quase em Misahualli, faltariam uns 5 km, quando vejo um homem construindo uma canoa! Parámos! Era Enoc, vivia com sua mulher, Rita e dois filhos já adultos, 18 e 20 anos. Havia quatro casas e eram todos da mesma família. Uma era dos pais de Enoc e as outras dos irmãos. Uma das casas estava vazia e foi aí que nos instalámos. Foi assim que o nosso barco, que nos levaria por águas amazónicas, se começou a desenhar. Ficou combinado: “voltamos para a construção do barco daqui a uma semana!”
Dois dias depois partimos para Quito. Íamos buscar um pacote que vinha da Suíça e chegava à embaixada e pedalar até à latitude 0°0’0”!