Colombia

Em Léticia, depois de  dois meses a remos através do rio Napo e rio Amazonas,  precisávamos de recuperar, e foi nos bombeiros que o fizemos. O Comandante Braulio pôs uma grande sala à nossa disposição, cozinha e casa de banho. Colchões no chão, mosquiteira, passagem de gente de um lado para o outro, pouco importava,  as pessoas eram simpáticas, tínhamos wi-fi  e era grátis.

Na praça central os milhares de papagaios verdes que chegavam ao fim do dia para dormir nas “suas” árvores, tocavam um sinfonia inacreditável, de outro mundo, um som fortíssimo, as pessoas paravam para os ouvir e par os ver!

Depois de duas semanas e meia nesta cidade amazónica, sem estrada para sair a pedalar, toca a apanhar um avião para Bogotá. Aí tivemos a sorte de um “warm shower”  em Tenjo, arredores Bogotá. A família que nos acolheu, Juan Carlos e Socorro, vivem com os seus dois filhos, quase adultos, 5 cães e 2 papagaios. Para os ciclistas viajantes têm uma cabana com duas assoalhadas. Magnífico! Acabámos por ficar uma semana.

Daí agarrámos a estrada em direção ao norte com passagem obrigatória pela esplendorosa Villa de Leiba. Uma pequena cidade bem conservada com os traços da época colonial. Rocio, uma mulher encantadora, oferece-nos uma sessão de fotografias gratis levando-nos a viajar no tempo até ao  século XVIII. O seu vizinho de atelier, Fernando Botero, um pintor de olhos azuis brilhantes, e sorriso contagiante, fala-nos como se nos conhecesse desde há muito tempo. O casal de amigos não nos deixou partir sem nos oferecer um deliciosos almoço.

 

Tínhamos uma morada a Giron, perto de Bucaramanga, de uma casal que conhecemos na Argentina, já lá ia uma ano, quando por ali viajavam de mota. Receberam-no de uma maneira incrível. Omar e Flor eram um casal excepcional. Fizeram-nos sentir parte da família que era grande pela quantidade de filhos que tinham e que adotavam. Eram quase padrinhos e todas as crianças daquela rua. Tinham um coração do tamanho da lua. Além disso, ainda se ocupavam de animais sem donos. Mesmo da Argentina tinham trazido um cão vadio depois de conseguirem todos os papeis necessários. (Tinham voltado de avião). A casa deles tinha um pátio cheio de pássaros e pombos meios doentes. No último fim de semana convidaram-nos numa casa enorme, alugada dentro de um complexo no meio da no bosque. Restaurante, piscina natural enchida com água de uma cascata e passeios na natureza; fabuloso! Eles queriam que ficássemos até ao Natal e foi com lágrimas nos olhos que nos despedimos!

Depois foram mais uns quilómetros até Santa Marta. Atingimos o nosso máximo num dia de pedal: 113 km. As crianças estavam felizes e orgulhosas. E eu também!

Chegámos a Santa Marta onde passámos o Natal na companhia de Jorge e Danilo e as famílias respetivas. Todos com filhos, o que foi um presente para o Yacha e o Sinai. Um presente tão grande, que já não queriam partir de Santa Marta.  Mas que sorte pordes conhecer gente assim.  Além disso, ainda fizemos 10 dias de férias, uma pequena viagem em bicicleta com os nossos amigos de Lima que viram nos visitar. Uma suiça casada com um peruano, com 4 filhos. Que sorte, em vez de 4 éramos 10 a pedalar, 4 tendas, uma pequena e agradável aventura.