Em Lima ficámos em casa de uns amigos, ela suíça ele peruano, a família Cossios. Têm 4 filhos e acolheram-nos de uma forma extraordinária. Acabámos por ficar duas semanas! O Yacha e Sinai adoraram voltar a um ambiente mais parecido com aquele que estavam acostumados na Europa. Foram mesmo à escola Suíça, Pestalozzi, durante 2 dias e gostaram bastante. O que nos deixou, naturalmente, satisfeitos.
Lima é uma cidade gigante com 10 milhões de habitantes e mal se sai, encontramos um deserto à beira mar. Pedalar aqui, debaixo de um tempo cinzento, tornou-se mesmo um pouco depressivo e só tínhamos vontade de fugir dali.
E foi isso que fizemos. Subimos de 200 m a 4100 m de altitude e, em 3 dias, chegámos à Cordilheira Branca. Foi a subir que passámos os nossos aniversários, eu 50 anos, 22 de maio e a Valérie 49, 24 de maio! Lá em cima encontrámos um casal de Húngaros, também em bicicleta, que andava à 4 anos em lua de mel.
O deserto tinha acabado, a estrada descia um vale através de campos, aldeias, agricultores e vacas pastando. Ao longe víamos as montanhas com os picos nevados. Parecia quase que estamos a voltar à Suíça.
Graças à nossa amiga Suíça de Lima, Mical, ficámos a dormir em casa de Jean-Paul, um Suíço radicado no Peru à 30 anos. Foi aí que deixámos as bicicletas e fizemos um treking de 3 dias pelas altas montanhas da Cordilheira Branca. Um espetáculo que voltávamos a repetir!
Depois partimos em direção ao “cañon del Pato”, uma estrada fabulosa enfiada no meio de uma garganta, ladeada por um rio e que atravessa mais de 30 pequenos túneis minúsculos e misteriosos. O yacha dizia: “foi a minha estrada preferida”. Voltámos a encontrar mais dois cicloturistas, um francês filho de mãe portuguesa, Alain e um austríaco! Alain andava a dar a volta ao mundo e já la iam três anos que tinha partido. Claus pedalava à 10 anos pelo mundo! Acabámos por acampar juntos e passar o serão a contar histórias.
Dali tínhamos 2 opções: ou íamos a Trujillo, na costa ou por Sihuas, pela montanha. Acabámos por decidir a montanha,. Foi uma das estradas mais duras que fizemos mas também das mais incríveis. Era uma estrada em terra e pedra com descidas e subidas de 20, 30 e 40 km. A paisagem era alucinante, vales enorme a perder de vista uns desérticos, outros repletos de cactos, outros com árvores de fruto e, por fim, a estrada de ouro! Eram minas de ouro que se seguiam umas atrás das outras. Acabámos por fazer a estrada metade a pedalar metade à boleia.
Finalmente chegámos a Cajamarca e ficámos 3 dias a recuperar. Depois foram mais alguns dias até à fronteira do Equador, Jaen onde ficámos a dormir em casa do guarda fronteiriço. No Peru encontrámos uma hospitalidade fabulosa e no nosso caminho muita gente simpática!